Farmacêuticos integram estudo que descobre enzima capaz de restaurar a ação de antibióticos em biofilmes
- Ana Raquel
- há 5 dias
- 2 min de leitura

O enfrentamento à resistência antimicrobiana exige uma mudança de paradigma: deixar de olhar apenas para a morte celular e passar a focar no microambiente que protege o patógeno. Neste cenário, um estudo de alto impacto publicado recentemente no World Journal of Microbiology and Biotechnology coloca a ciência farmacêutica brasileira em destaque. Liderado por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), com a participação central dos farmacêuticos Andrei Nicoli Gebieluca Dabul e Luis Antonio Esmerino, o trabalho caracterizou a eficácia da enzima KaPgaB — isolada da Klebsiella aerogenes — na desestruturação de biofilmes maduros de Staphylococcus aureus.
Quem atua na linha de frente hospitalar sabe que o S. aureus é um adversário complexo, não apenas pela resistência intrínseca, mas pela habilidade de criar "fortalezas" biológicas. Para entender a inovação desta descoberta, é preciso visualizar o biofilme como uma parede cimentada por uma substância chamada PNAG (poli-β-1,6-N-acetilglucosamina). Os antibióticos comuns muitas vezes falham porque não conseguem penetrar essa matriz.
A grande descoberta do grupo, que contou com o olhar clínico e molecular dos farmacêuticos, foi identificar que a enzima KaPgaB atua especificamente hidrolisando esse "cimento" (PNAG). Nos ensaios in vitro, a aplicação isolada da enzima removeu mais de 80% da biomassa do biofilme em apenas quatro horas. Quando os pesquisadores utilizaram um protocolo combinado — aplicando primeiro uma enzima para degradar DNA e depois a KaPgaB — a remoção da barreira chegou a 97%, expondo as bactérias que antes estavam protegidas.
O dado mais relevante para a prática clínica futura é o "resgate terapêutico". O estudo demonstrou que a degradação da camada protetora pela enzima reverte a tolerância bacteriana. Antibióticos que anteriormente falhavam em erradicar a colônia recuperaram sua potência bactericida quando associados à terapia enzimática. Isso sugere um futuro promissor com os chamados "Enzybiotics", onde poderemos utilizar enzimas como coadjuvantes para tratar infecções persistentes em cateteres e próteses, sem necessariamente depender de novas classes de antimicrobianos, mas sim potencializando os que já temos.
Além da ação curativa, a enzima demonstrou potencial profilático, inibindo em até 96% a formação de novos biofilmes em cepas selecionadas. Embora a tecnologia ainda esteja em fase pré-clínica e necessite de validação em modelos animais, o trabalho reforça o protagonismo do farmacêutico na pesquisa e desenvolvimento (P&D). A participação ativa destes profissionais na caracterização molecular e nos testes de eficácia comprova que a solução para a crise das superbactérias passa necessariamente pela expertise farmacêutica, desde a bancada do laboratório até a definição de novas estratégias terapêuticas.
✨ Invista no seu futuro com a nossa instituição de ensino!
Oferecemos programas de pós-graduação que unem qualidade acadêmica, professores experientes e metodologia prática para o dia a dia profissional.
🎓 Além disso, nossa formação é reconhecida para a conquista do RQE junto ao Conselho Federal de Farmácia.
👉 Aqui, você encontra um ambiente de aprendizado inovador e cursos pensados para quem deseja se destacar no mercado. Entre eles: Farmácia Clínica, Farmácia Hospitalar, Farmácia Oncológica, dentre outras áreas estratégicas da saúde.
🔗 Clique aqui e descubra nossas opções de pós-graduação.




Comentários